LEGISLAÇÃO
DECRETO Nº 9.507, DE 21 DE
SETEMBRO DE 2018
Publicado no DOU de 24/09/2018
Dispõe sobre a execução indireta, mediante contratação, de
serviços da administração pública federal direta, autárquica e fundacional
e das empresas públicas e das sociedades de economia mista controladas
pela União.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições confere o art.
84, caput, inciso IV e VI,
alínea "a", da Constituição, e tendo em vista o disposto no
§ 7º do art. 10 do Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967,
e na Lei
nº 8.666, de 21 de junho de 1993,
DECRETA:
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Âmbito de aplicação e objeto
Art. 1º Este Decreto dispõe sobre a execução indireta, mediante contratação,
de serviços da administração pública federal direta, autárquica e fundacional
e das empresas públicas e das sociedades de economia mista controladas
pela União.
Art. 2º Ato do Ministro de Estado do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão
estabelecerá os serviços que serão preferencialmente objeto de execução
indireta mediante contratação.
Art. 2º Ato do Ministro de Estado da Economia estabelecerá os
serviços que serão
preferencialmente objeto de execução indireta mediante contratação.
(Artigo
alterado pelo Decreto
n° 10.183/2019 - DOU 20/12/2019 - Edição Extra B)
CAPÍTULO II
DAS VEDAÇÕES
Administração pública federal direta, autárquica e fundacional
Art. 3º Não serão objeto de execução
indireta na administração pública federal direta, autárquica e fundacional,
os serviços:
I - que envolvam a tomada de decisão ou posicionamento institucional
nas áreas de planejamento, coordenação, supervisão e controle;
II - que sejam considerados estratégicos para o órgão ou a entidade,
cuja terceirização possa colocar em risco o controle de processos e de conhecimentos
e tecnologias;
III - que estejam relacionados ao poder de polícia, de regulação,
de outorga de serviços públicos e de aplicação de sanção; e
IV - que sejam inerentes às categorias funcionais abrangidas
pelo plano de cargos do órgão ou da entidade, exceto disposição legal
em contrário ou quando se tratar de cargo extinto, total ou parcialmente,
no âmbito do quadro geral de pessoal.
§ 1º Os serviços auxiliares, instrumentais ou acessórios de que tratam
os incisos do caput poderão ser executados de forma indireta, vedada
a transferência de responsabilidade para a realização de atos administrativos
ou a tomada de decisão para o contratado.
§ 2º Os serviços auxiliares,
instrumentais ou acessórios de fiscalização e consentimento relacionados
ao exercício do poder de polícia não serão objeto de execução indireta.
(Parágrafo
revogado pelo Decreto
n° 10.183/2019 - DOU 20/12/2019 - Edição Extra B)
Empresas públicas e sociedades de economia mista controladas pela
União
Art. 4º Nas empresas públicas e nas sociedades de economia mista controladas
pela União, não serão objeto de execução indireta os serviços que demandem
a utilização, pela contratada, de profissionais com atribuições inerentes
às dos cargos integrantes de seus Planos de Cargos e Salários, exceto
se contrariar os princípios administrativos da eficiência, da economicidade
e da razoabilidade, tais como na ocorrência de, ao menos, uma das seguintes
hipóteses:
I - caráter temporário do serviço;
II - incremento temporário do volume de serviços;
III - atualização de tecnologia ou especialização de serviço, quando
for mais atual e segura, que reduzem o custo ou for menos prejudicial ao
meio ambiente; ou
IV - impossibilidade de competir no mercado concorrencial em que se
insere.
§ 1º As situações de exceção a que se referem os incisos I e II do
caput poderão estar relacionadas às especificidades
da localidade ou à necessidade de maior abrangência territorial.
§ 2º Os empregados da contratada com atribuições semelhantes ou não
com as atribuições da contratante atuarão somente no desenvolvimento dos
serviços contratados.
§ 3º Não se aplica a vedação do caput quando se tratar de cargo
extinto ou em processo de extinção.
§ 4º O Conselho de Administração ou órgão equivalente das empresas
públicas e das sociedades de economia mista controladas pela União estabelecerá
o conjunto de atividades que serão passíveis de execução indireta, mediante
contratação de serviços.
Vedação de caráter geral
Art. 5º É vedada a contratação, por órgão ou entidade de que trata
o art. 1º, de pessoa jurídica na qual haja administrador ou sócio com poder
de direção que tenham relação de parentesco com:
I - detentor de cargo em comissão ou função de confiança que atue
na área responsável pela demanda ou pela contratação; ou
II - autoridade hierarquicamente superior no âmbito de cada órgão
ou entidade.
CAPÍTULO III
DO INSTRUMENTO CONVOCATÓRIO E DO CONTRATO
Regras gerais
Art. 6º Para a execução indireta de serviços, no âmbito dos órgãos
e das entidades de que trata o art. 1º, as contratações deverão ser precedidas
de planejamento e o objeto será definido de forma precisa no instrumento
convocatório, no projeto básico ou no termo de referência e no contrato
como exclusivamente de prestação de serviços.
Parágrafo único. Os instrumentos convocatórios e os contratos de que
trata o caput poderão prever padrões de aceitabilidade e nível de
desempenho para aferição da qualidade esperada na prestação dos serviços,
com previsão de adequação de pagamento em decorrência do resultado.
Art. 7º É vedada a inclusão de disposições nos instrumentos convocatórios
que permitam:
I - a indexação de preços por índices gerais, nas hipóteses de alocação
de mão de obra;
II - a caracterização do objeto como fornecimento de mão de obra;
III - a previsão de reembolso de salários pela contratante; e
IV - a pessoalidade e a subordinação direta dos empregados da contratada
aos gestores da contratante.
Disposições contratuais obrigatórias
Art. 8º Os contratos de que trata este
decreto conterão cláusulas que:
I - exijam da contratada declaração de responsabilidade exclusiva
sobre a quitação dos encargos trabalhistas e sociais decorrentes do contrato;
II - exijam a indicação de preposto da contratada para representá-la
na execução do contrato;
III - estabeleçam que o pagamento mensal pela contratante ocorrerá
após a comprovação do pagamento das obrigações trabalhistas, previdenciárias
e para com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS pela contratada
relativas aos empregados que tenham participado da execução dos serviços
contratados;
IV - estabeleçam a possibilidade de rescisão do contrato por ato unilateral
e escrito do contratante e a aplicação das penalidades cabíveis, na hipótese
de não pagamento dos salários e das verbas trabalhistas, e pelo não recolhimento
das contribuições sociais, previdenciárias e para com o FGTS;
V - prevejam, com vistas à garantia do cumprimento das obrigações
trabalhistas nas contratações de serviços continuados com dedicação exclusiva
de mão de obra:
a) que os valores destinados ao pagamento de férias, décimo terceiro
salário, ausências legais e verbas rescisórias dos empregados da contratada
que participarem da execução dos serviços contratados serão efetuados pela
contratante à contratada somente na ocorrência do fato gerador; ou
b) que os valores destinados ao pagamento das férias, décimo terceiro
salário e verbas rescisórias dos empregados da contratada que participarem
da execução dos serviços contratados serão depositados pela contratante
em conta vinculada específica, aberta em nome da contratada, e com movimentação
autorizada pela contratante;
VI - exijam a prestação de garantia, inclusive para pagamento de obrigações
de natureza trabalhista, previdenciária e para com o FGTS, em valor correspondente
a cinco por cento do valor do contrato, limitada ao equivalente a dois meses
do custo da folha de pagamento dos empregados da contratada que venham a
participar da execução dos serviços contratados, com prazo de validade de
até noventa dias, contado da data de encerramento do contrato; e
VI - exijam a prestação de garantia,
inclusive para pagamento de obrigações de natureza trabalhista, previdenciária
e para com o FGTS, em valor correspondente a cinco por cento do valor do
contrato, com prazo de validade de até noventa dias, contado da data de encerramento
do contrato; e (Inciso alterado pelo Decreto
n° 10.183/2019 - DOU 20/12/2019 - Edição Extra B)
VII - prevejam a verificação pela contratante, do cumprimento das
obrigações trabalhistas, previdenciárias e para com o FGTS, em relação aos
empregados da contratada que participarem da execução dos serviços contratados,
em especial, quanto:
a) ao pagamento de salários, adicionais, horas extras, repouso semanal
remunerado e décimo terceiro salário;
b) à concessão de férias remuneradas e ao pagamento do respectivo
adicional;
c) à concessão do auxílio-transporte, auxílio-alimentação e auxílio-saúde,
quando for devido;
d) aos depósitos do FGTS; e
e) ao pagamento de obrigações trabalhistas e previdenciárias dos empregados
dispensados até a data da extinção do contrato.
§ 1º Na hipótese de não ser apresentada a documentação comprobatória
do cumprimento das obrigações trabalhistas, previdenciárias e para com
o FGTS de que trata o inciso VII do caput deste artigo, a contratante
comunicará o fato à contratada e reterá o pagamento da fatura mensal, em
valor proporcional ao inadimplemento, até que a situação esteja regularizada.
§ 2º Na hipótese prevista no § 1º e em não havendo quitação das obrigações
por parte da contratada, no prazo de até quinze dias, a contratante poderá
efetuar o pagamento das obrigações diretamente aos empregados da contratada
que tenham participado da execução dos serviços contratados.
§ 3º O sindicato representante da categoria do trabalhador deve ser
notificado pela contratante para acompanhar o pagamento das verbas referidas
nos § 1º e § 2º.
§ 4º O pagamento das obrigações de que trata o § 2º, caso ocorra,
não configura vínculo empregatício ou implica a assunção de responsabilidade
por quaisquer obrigações dele decorrentes entre a contratante e os empregados
da contratada.
Art. 9º Os contratos de prestação de serviços continuados que envolvam
disponibilização de pessoal da contratada de forma prolongada ou contínua
para consecução do objeto contratual exigirão:
I - apresentação pela contratada do quantitativo de empregados vinculados
à execução do objeto do contrato de prestação de serviços, a lista de identificação
destes empregados e respectivos salários;
II - o cumprimento das obrigações estabelecidas em acordo, convenção,
dissídio coletivo de trabalho ou equivalentes das categorias abrangidas
pelo contrato; e
III - a relação de benefícios a serem concedidos pela contratada a
seus empregados, que conterá, no mínimo, o auxílio-transporte e o auxílio-alimentação,
quando esses forem concedidos pela contratante.
Parágrafo único. A administração pública não se vincula às disposições
estabelecidas em acordos, dissídios ou convenções coletivas de trabalho
que tratem de:
I - pagamento de participação dos trabalhadores nos lucros ou nos
resultados da empresa contratada;
II - matéria não trabalhista, ou que estabeleçam direitos não previstos
em lei, tais como valores ou índices obrigatórios de encargos sociais ou
previdenciários; e
III - preços para os insumos relacionados ao exercício da atividade.
Gestão e fiscalização da execução dos contratos
Art. 10. A gestão e a fiscalização da execução dos contratos compreendem
o conjunto de ações que objetivam:
I - aferir o cumprimento dos resultados estabelecidos pela contratada;
II - verificar a regularidade das obrigações previdenciárias, fiscais
e trabalhistas; e
III - prestar apoio à instrução processual e ao encaminhamento da
documentação pertinente para a formalização dos procedimentos relativos
a repactuação, reajuste, alteração, reequilíbrio, prorrogação, pagamento,
aplicação de sanções, extinção dos contratos, entre outras, com vistas
a assegurar o cumprimento das cláusulas do contrato a solução de problemas
relacionados ao objeto.
Art. 11. A gestão e a fiscalização de que trata o art. 10 competem
ao gestor da execução dos contratos, auxiliado pela fiscalização técnica,
administrativa, setorial e pelo público usuário e, se necessário, poderá
ter o auxílio de terceiro ou de empresa especializada, desde que justificada
a necessidade de assistência especializada.
CAPÍTULO IV
DA REPACTUAÇÃO E REAJUSTE
Repactuação
Art. 12. Será admitida a repactuação de preços dos serviços continuados
sob regime de mão de obra exclusiva, com vistas à adequação ao preço de
mercado, desde que:
I - seja observado o interregno mínimo de um ano das datas dos orçamentos
para os quais a proposta se referir; e
II - seja demonstrada de forma analítica a variação dos componentes
dos custos do contrato, devidamente justificada.
Reajuste
Art. 13. O reajuste em sentido estrito, espécie de reajuste nos contratos
de serviço continuado sem dedicação exclusiva de mão de obra, consiste
na aplicação de índice de correção monetária estabelecido no contrato,
que retratará a variação efetiva do custo de produção, admitida a adoção
de índices específicos ou setoriais.
§ 1º É admitida a estipulação de reajuste em sentido estrito nos contratos
de prazo de duração igual ou superior a um ano, desde que não haja regime
de dedicação exclusiva de mão de obra.
§ 2º Nas hipóteses em que o valor dos contratos de serviços continuados
seja preponderantemente formado pelos custos dos insumos, poderá ser adotado
o reajuste de que trata este artigo.
CAPÍTULO V
DISPOSIÇÕES FINAIS
Orientações gerais
Art. 14. As empresas públicas e as sociedades de economia mista controladas
pela União adotarão os mesmos parâmetros das sociedades privadas naquilo
que não contrariar seu regime jurídico e o disposto neste Decreto.
Art. 15. O Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão expedirá
normas complementares ao cumprimento do disposto neste Decreto.
Art.
15. O Secretário de Gestão da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do
Ministério da Economia editará as normas complementares ao cumprimento do disposto
neste Decreto. (Artigo alterado pelo Decreto
n° 10.183/2019 - DOU 20/12/2019 - Edição Extra B)
Disposições transitórias
Art. 16. Os contratos celebrados até a data de entrada em vigor deste
Decreto, com fundamento no Decreto nº
2.271, de 7 de julho de 1997, ou os efetuados por empresas públicas,
sociedades de economia mista controladas direta ou indiretamente pela União,
poderão ser prorrogados, na forma do §
2º do art. 57 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, e observada,
no que couber, a Lei
nº 13.303, de 30 de junho de 2016, desde que devidamente ajustados
ao disposto neste Decreto.
Revogação
Art. 17. Fica revogado o Decreto nº
2.271, de 1997.
Vigência
Art. 18. Este Decreto entra em vigor
cento e vinte dias após a data de sua publicação.
Brasília, 21 de setembro de 2018; 197º da Independência e 130º da
República.
MICHEL TEMER
Esteves Pedro Colnago Junior
|
Secretaria de Gestão Jurisprudencial,
Normativa e Documental
Última atualização
em 23/12/2019
|